Manguito rotador é o nome dado a um conjunto de 4 músculos e tendões que recobrem a articulação do ombro e se inserem na região do úmero proximal, são eles: subescapular anteriormente, supra-espinal superiormente e infra-espinal e redondo menor posteriormente.
O tendão do supra-espinal normalmente é o mais acometido nas lesões do manguito e por isso o mais conhecido e comentado, porém as lesões podem também acontecer nos outros tendões.
Podemos dividir as lesões em:
- Traumáticas –> após algum trauma de alta energia – como acidentes automobilísticos, queda durante atividade esportiva de contato (futebol, handebol, rugby, entre outras) – ou traumatismos de repetição – como movimentos repetitivos acima da cabeça em trabalhadores braçais em linha de produção industrial – geralmente acometendo mais pacientes jovens.
- Degenerativas –> após degeneração tendinosa (“envelhecimento” do tendão), o qual fica fragilizado e mais susceptível a lesões – geralmente acometendo mais pacientes idosos.
As lesões também podem ser dividas em:
- Parciais: ruptura de parte do tendão, com alguma porção ainda inserida no osso.
- Totais ou completas: ruptura de todo o tendão e retração do coto tendíneo.
O principal sintoma é dor ao realizar movimentos com o ombro (principalmente para elevação acima do cabeça quando se trata de lesão do supra-espinal) e também pode haver restrição de movimento dependendo do tipo de lesão.
Para diagnóstico é fundamental realizar a anamnese (ou seja, conversar com o paciente para determinar como e quando se iniciou o quadro álgico, se de maneira abrupta ou gradual, se houve trauma ou não, etc) e o exame físico (realizar testes específicos para investigar qual(is) tendão(ões) está(ão) acometido(s) e se há ou não perda funcional, sugerindo lesão total ou parcial).
Depois disso, para elucidação diagnóstica se faz necessária a realização de exames complementares de imagem como radiografia, ecografia e/ou ressonância nuclear magnética para definir o grau da lesão e os possíveis tratamentos.
As lesões parciais podem ser graduadas em:
- Lesões até 3mm
- Lesões entre 3 e 6 mm
- Lesões > 6mm (acometimento >50% do tendão)
E as lesões completas ou totais podem ser graduadas em:
- Pequenas –> até 1cm
- Médias –> de 1 a 3cm
- Grandes –> de 3 a 5cm
- Extensas –> maior que 5cm
Para lesões parciais grau I e grau II é preconizado tratamento conservador com anti-inflamatórios por curtos períodos (5-7 dias) e fisioterapia até que haja cicatrização do tendão. Para casos refratários a longos períodos de tratamento conservador, a infiltração subacromial com corticóide é uma possibilidade para alívio dos sintomas e se, mesmo assim, não houver melhora do quadro ou se a lesão aumentar, a cirurgia por videoartroscopia pode ser indicada.
Para lesões completas graus I, II e III e para lesões parciais grau III – sejam elas traumáticas ou degenerativas – em pacientes ativos e sem comorbidades que contra-indiquem a cirurgia, o tratamento preconizado é o reparo cirúrgico, o qual pode ser realizado através da videoartroscopia (cirurgia minimamente invasiva) na grande maioria dos casos.
As lesões grau IV (extensas) são de difícil manejo devido à retração acentuada do tendão e cada caso deve ser avaliado individualmente para se definir a melhor opção para cada paciente. Entre as opções de tratamento estão:
- Tratamento conservador com fisioterapia para analgesia e fortalecimento de deltóide e dos outros tendões do manguito ainda íntegros;
- Tratamento cirúrgico, com as seguintes possibilidades:
- Tentativa de cirurgia minimamente invasiva videoartroscópica – na maioria dos casos com reparos parciais da lesão
- Transferências musculares, ou seja, transferir um músculo de outra localidade para realizar a função do tendão que está rompido – indicado para pacientes jovens e ativos (melhores resultados para paciente com menos de 40 anos)
- Reconstrução da cápsula superior, ou seja, interpor tecido (enxerto de fáscia lata ou dermal) entre cabeça umeral e o acrômio para restaurar a estabilidade superior da articulação gleno-umeral
- Prótese (artroplastia) reversa do ombro para pacientes mais idosos (geralmente indicada acima dos 60 anos)
Não tenha dúvidas!
Para maiores informações procure um especialista!!